Classificação
livre para todos os públicos
Duração aproximada
85 minutos (com intervalo)
Ingressos
R$ 50,00 (inteira)
Maíra Ferreira, regência
Solistas a serem anunciados
CARLOS ALBERTO PINTO FONSECA
Missa Afro-brasileira de Batuque e Acalanto [35’]
Intervalo [20’]
BADEN POWELL / VINÍCIUS DE MORAES (arr. a definir)
Afro-sambas [30’]
I. Lamento de Exu
II. Canto de Xangô
III. Canto de Ossanha (1º interlúdio)
IV. Tristeza e Solidão
V. Bocoxê
VI. Canto de Ossanha (2º interlúdio)
VII. Canto de Iemanjá
O sincretismo religioso brasileiro é a tônica deste programa, que apresenta obras inspiradas na tradição das religiões de matriz africana.
Escrita entre 1970 e 1971 pelo compositor e regente mineiro Carlos Alberto Pinto Fonseca (1933-2006), a Missa Afro-brasileira (de Batuque e Acalanto) reflete seu profundo interesse pela tradição afrodescendente, intensificado após sua mudança para a Bahia. A composição também foi impulsionada pelas diretrizes do Concílio Vaticano II, especialmente o discurso do Papa João XXIII, que incentivava os compositores de todo o mundo a incorporar elementos das culturas musicais de seus países à música sacra.
O título da obra deixa explícitas as motivações do compositor: funde a liturgia católica romana – a missa –, a percussividade da música de origem africana – o batuque – e a canção brasileira e cantigas de roda – o acalanto. Uma composição que, ao mesmo tempo, contempla catolicismo e umbanda, texto em latim e em português, além de incluir elementos musicais de gêneros como a marcha-rancho, o samba-canção, o maracatu, o canto de aboio e melodias populares do folclore brasileiro.
Um disco de música baiana presenteado a Vinicius de Moraes (1913-1980) por Carlos Torrão – reunindo pontos de candomblé, toques de capoeira com berimbau e sambas de roda – serviu como inspiração criativa para a concepção de Afro-sambas, álbum lançado em 1966 em parceria com Baden Powell (1937-2000). A obra se tornou um marco da música brasileira ao ampliar os horizontes temáticos da canção popular e valorizar expressões da cultura de matriz africana, contribuindo decisivamente para a formação da MPB, que se consolidaria nos anos seguintes.
Baden Powell, que frequentava a igreja católica e os cultos das religiões de matriz africana, percebeu afinidades entre o cantochão gregoriano e os cantos ritualísticos afro-brasileiros, aspecto que incorporou às composições do disco. Sob sua orientação, Vinicius de Moraes absorveu de forma sensível e ímpar os mitos e tradições afrodescendentes, transformando-os em poesia. Gestado no apartamento de Vinicius, Afro-sambas consolidou uma profunda amizade entre esses dois ícones da cultura brasileira. A gravação do disco contou com a colaboração espontânea de amigos e familiares – o “coro da amizade” –, imprimindo à obra o espírito intimista e espontâneo inicialmente idealizado por seus criadores.